“Sou eu. É de mim que tenho medo. Medo de que o coringa esteja certo sobre mim. Às vezes, questiono a racionalidade das minhas ações. Estou com medo de que, quando atravessar os portões do asilo… Quando eu entrar no Arkham e os portões se fecharem atrás de mim… Vai ser como voltar para casa.”
(Batman)
O Batman nunca foi um dos meus personagens favoritos, nada contra ele, mas o Cavaleiro Das Trevas não está no meu top 5 de personagens favoritos. E nem no top 10. Mas , uma coisa sempre me chamou atenção nas suas histórias é que ele e os personagens ao seu redor são um bando de malucos, e ninguém conseguiu demonstrar isso melhor do que o Grant Morrison e o Dave McKean.
Lançada lá em 1988, Asilo Arkham conta com duas narrativas principais: A história de Ammadeus Arkham, o fundador do asilo, contando como surgiu a ideia de criar um “refúgio” para loucos, e o motim liderado pelo coringa, onde os detentos têm apenas uma exigência: a presença de Batman entre eles.
A forma que a história é contada lembra e muito um pesadelo, na qual aos poucos vai consumindo todos que estão dentro do asilo, e o próprio Batman. E é ai que está o maior trunfo da HQ, aqui o Batman é retratado como uma pessoa frágil ( e sexualmente reprimido, segundo o Coringa ), ele só vai conseguir sair de lá vivo se encarar de frente seus demônios interiores.
Mas, quem realmente rouba a cena são os detentos. O Coringa, personagem que eu acho chato pra cacete é muito bem caracterizado como guia do Batman no meio da rebelião, mostrando para ele que ninguém que está preso lá dentro é diferente do que o Cavaleiro Das Trevas. Destaque para a reviravolta do Duas Caras, que no final se mostra como a única pessoa “normal” dentro do asilo.
Batman : Estão livres. Todos vocês.
Coringa: Ah, nós já sabemos disso. Mas e você?

O roteiro do Grant Morrison está matador. O escritor consegue passar toda a loucura do lugar, fazendo o leitor se sentir perturbado. Fora que o Morrison teve sacadas geniais, como por exemplo, a explicação do porque o Coringa uma hora é só um palhaço bobo e em outra é um psicopata calculista. E para quem fica boiando nas viagens do careca escocês, o encadernado que a Panini lançou ano passado vem com o roteiro completo e todas as anotações, o que ajuda a entender e muito a trama.
Quem merece também aplausos de pé em frente do monitor é o Dave McKean. Sua mistura de pintura, fotografia e colagem passa toda a carga sinistra que a história exige. A página que Aleister Crowley ( Oh Mr. Crowley, what went on in your head ? ) é fantástica ! Da até vontade de arrancá-la e emoldurar.
Bem, eu poderia passar horas e horas falando como essa HQ é melhor do que o Cavaleiro Das Trevas, que o David Fincher tinha que fazer um filme dessa HQ ou como o Morrison é genial ( HATERS GONNA HATE ), mas fica aqui a minha dica de leitura. Garanto que você vai ter bons pesadelos.
“Vejo agora a virtude na loucura.
Pois este é um lugar que não conhece leis nem fronteiras.
Tenho pena das pobres sombras confinadas na prisão euclidiana que é a sanidade.”
(Dr. Amaddeus Arkham)

Ah ! Para gerar um clima mais perturbador, leia a HQ ouvindo Revolution 9, dos Beatles, garanto que vai te render bons pesadelos.