Descanse em paz, Margot.
Margot Kidder, a eterna Lois Lane, morreu, de causas não reveladas, no domingo, dia 13 de maio.

Eu penso no impacto que teve sobre mim a figura dela voando com o Superman no céu noturno.
No cartaz promocional de Superman – O Filme (Superman: The Movie, 1978) estava escrito “Você vai acreditar que o homem pode voar!”. Margot tomou para sua Lois a missão de ser um de nós, expectadores, a pessoa que tinha que compartilhar a experiência para crer que, sim, de algum lugar do espaço sideral o nosso planeta tinha ganho um protetor à altura da missão. E assim que ela passou a acreditar que, sim, o Superman era real e não um devaneio, todos nós na platéia nos permitimos fazer o mesmo.

Porque Kidder fez questão de tornar sua personagem o máximo da “pessoa comum”, sem beleza extraordinária, educação requintada nem modos de boneca: Lois Lane tinha não apenas coragem, como esperteza e animação, sendo engraçada sem ser cômica, como toda pessoa minimamente capaz tem potencial de ser. Se o Superman de Christopher Reeve era tudo aquilo de extraordinário que sonhávamos em ser, a Lois representava o aquilo que podíamos ser, sem superpoderes ou uma herança genética vinda de outro planeta, mas com perseverança, desassombro e um pouco de bom humor.

Fica aqui minha gratidão pelo seu trabalho mais famoso, não porque ela contribuiu de forma decisiva para que a mídia que eu tanto amo – os quadrinhos – esteja hoje em tamanha evidência, mas porque foi tão cativante que fez com que uma criança de oito anos fascinada por super-heróis olhasse com certo desdém para o Homem de Aço, desejando poder roubar a namorada dele…
